Na sessão especial de comemoração ao Outubro Rosa, realizada nesta segunda-feira (21) no Senado, os desafios relacionados ao diagnóstico e tratamento do câncer de mama foram destacados, com ênfase na necessidade de um cuidado integral às pacientes. Entre as principais preocupações esteve a desigualdade no acesso ao diagnóstico precoce, especialmente para mulheres de baixa renda. A campanha, cujo objetivo é alertar sobre a importância da prevenção, ressaltou a importância de ampliar o alcance desses cuidados.
A sessão foi proposta pela senadora Leila Barros (PDT-DF), que também presidiu o evento. Em seu discurso, ela enfatizou que o tratamento médico deve vir acompanhado de suporte emocional, fundamental para o enfrentamento da doença. Segundo Leila, é um dever da sociedade e dos legisladores garantir que nenhuma mulher enfrente o câncer de mama sozinha.
Denise Oliveira e Silva, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou as lacunas ainda existentes no cuidado integral às pacientes, criticando a visão estritamente biomédica que, muitas vezes, desconsidera as questões emocionais e psicossociais envolvidas. Ela afirmou que o sistema de saúde precisa evoluir para um modelo mais humanizado, que vá além da ciência laboratorial e atenda às necessidades emocionais das mulheres.
A Lei 14.238, de 2021, conhecida como Estatuto da Pessoa com Câncer, garante direitos como atendimento psicológico, medicamentos e até atendimento domiciliar para pacientes do SUS. A senadora Leila Barros lembrou que essa legislação é uma das várias normas criadas para proteger as mulheres que enfrentam o câncer de mama.
Ilana Trombka, diretora-geral do Senado, apresentou iniciativas do Senado em prol da causa, como o projeto Liga do Bem, que oferece exames de mamografia a funcionárias terceirizadas e arrecada doações de cabelo para confecção de perucas, além de lenços e acessórios para pacientes em tratamento.
As médicas Andreia Regina da Silva Araújo e Luci Ishii abordaram a importância do autoexame, afirmando que ele é uma ferramenta crucial para a detecção precoce. Andreia destacou que os avanços tecnológicos permitem diagnósticos mais precisos e tratamentos menos agressivos. Luci Ishii, fundadora da Associação Brasiliense de Apoio ao Paciente com Câncer (ACAB Luz), reforçou que o autoexame pode ajudar as mulheres a identificarem sinais da doença no seu cotidiano.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Leonor Noia Maciel, chamou a atenção para as dificuldades enfrentadas em áreas rurais e remotas, onde o acesso a especialistas é limitado, e para as desigualdades raciais no tratamento do câncer de mama. A médica Danielle Laperche também criticou as discrepâncias entre o sistema privado e o público, com a maior parte dos diagnósticos na rede pública ocorrendo em estágios mais avançados, quando as opções de tratamento são mais limitadas.
Joana Jeker, fundadora da ONG Recomeçar, destacou a importância da criação de centros de diagnóstico rápido no Brasil, como já ocorre em outros países, mencionando sua própria experiência na Austrália, onde recebeu o diagnóstico em um único dia.
Além dos debates, a sessão contou com a participação de influenciadoras digitais e a curadoria da exposição fotográfica “Mulheres e Niemeyer”, com fotos de mulheres que enfrentaram o câncer de mama, realizada no Senado.
A campanha Outubro Rosa, que teve origem nos Estados Unidos na década de 1980, ganhou destaque no Brasil com a inclusão oficial no calendário nacional em 2018. Desde então, o país realiza atividades anuais de conscientização sobre a doença.
*Com Agência Senado