Reconhecido pela tradição e qualidade na produção de café, o município de Mandaguari conquistou nesta terça-feira, 1º de julho, a Indicação Geográfica (IG), tornando-se o 20º produto paranaense a receber o selo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
A área geográfica delimitada pela IG engloba os municípios de Apucarana, Arapongas, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari e Marialva, reforçando a força produtiva da região e a qualidade diferenciada dos grãos cultivados no território.
De acordo com o técnico do IDR-Paraná Walter Feichtinger, a IG é uma ferramenta estratégica para fortalecer a identidade dos territórios. “É um instrumento importante para valorizar produtos e serviços vinculados a uma região específica, promovendo o desenvolvimento econômico e social, protegendo a tradição e a reputação local, e atraindo consumidores que buscam autenticidade e qualidade”, diz, via AEN-PR.
A conquista, que valoriza ainda mais a agricultura familiar do Paraná, é fruto de uma atuação coletiva que contou com o apoio do Governo do Estado, por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Também participaram do processo o Sebrae/PR, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Associação dos Produtores de Café de Mandaguari.
Reconhecida oficialmente como a Capital do Café desde 2012, Mandaguari se destaca nacionalmente pela produção de cafés especiais, que unem qualidade, cuidado e origem.
Com 36,7 mil habitantes, o município também investe no turismo rural, com destaque para a Rota do Café, que permite aos visitantes acompanhar de perto todas as etapas da produção.
Para o produtor rural Fernando Rosseto, presidente da Associação dos Produtores de Café de Mandaguari, o selo é o resultado de anos de dedicação. “Para a gente, é o reconhecimento de um trabalho diário que agora está sendo recompensado. Os produtores estavam ansiosos por essa conquista, e ela finalmente chegou. A partir de agora, com a Indicação Geográfica, queremos abrir novos mercados e trazer novamente o olhar do Brasil para o café do Paraná”, afirma.
“O Estado já foi o maior produtor do País, e a nossa essência continua no café. Esse selo vai ajudar a valorizar o produto, manter os jovens no campo e mostrar que vale a pena investir numa produção de qualidade”, completa.
Segundo ele, pesquisas da área de genética da Universidade Federal do Paraná (UFPR) revelaram que o café de Mandaguari possui características únicas. “Existe um microrganismo natural nos nossos grãos que não consome os açúcares do café, ao contrário do que ocorre em outras regiões. Isso garante um sabor mais doce, com notas sensoriais de chocolate, caramelo e frutas vermelhas. É esse perfil que torna nosso café tão especial”, explica.
A cafeicultura no Paraná é formada por cerca de 8 mil produtores rurais, sendo que 85% deles são da agricultura familiar. A produção estadual em 2024 deve atingir 713 mil sacas, com a colheita já alcançando 36% em junho.