O Paraná recebeu nesta semana o parecer favorável do comitê técnico da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e venceu mais uma etapa para o reconhecimento internacional como região livre de febre aftosa sem imunização. O comunicado foi realizado ontem pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, em audiência virtual com o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
Também foram reconhecidos os pleitos do Rio Grande do Sul e do Bloco I, Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso. Por isso, os três pedidos brasileiros foram propostos para análise final no decorrer da 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, que ocorrerá no período de 22 a 28 de maio deste ano, via on-line.
Retrospectiva
O Paraná teve reconhecimento nacional de área livre de febre aftosa sem vacinação em agosto do ano passado e essa aprovação da OIE é mais uma conquista para a esfera agropecuária. O Estado é o maior produtor e exportador de produtos da cadeia animal do País, sendo líder em avicultura e piscicultura.
“O Paraná buscava essa qualificação há 50 anos, meio século de luta. É um trabalho de muitos técnicos e do setor como um todo. É um passo muito importante. Agora em maio vamos conseguir a chancela mundial. Cerca de 65% do mundo não compra carne do Paraná pela ausência desse reconhecimento. Ou seja, alguns bilhões de dólares entrarão na nossa economia, gerando milhares de novos empregos”, disse o governador Ratinho Junior.
A ministra Tereza Cristina ressaltou que a fase vencida pelo Paraná foi a mais difícil. “Recebi a notícia da OIE da aprovação de todos os estados nessa fase para em maio conseguir a aprovação final. Quero cumprimentar a todos pelo esforço. Agora o desafio é manter o status e as nossas equipes técnicas vigilantes. É momento de parabenizar aos governadores e aqueles que se engajaram nessa luta.”
Até agora, segundo os métodos de avaliação da OIE, todos os 182 Delegados da Organização serão avisados do parecer e terão o prazo de 60 dias para pedir informações acerca dos pleitos brasileiros, de maneira a segurar a votação durante a 88ª Sessão Geral.
Investimentos
Com a certificação o segmento agropecuário vai garantir a abertura de novos mercados e trazer investimentos para as cadeias de suínos, peixe, frango, leite e pecuária bovina de corte. O status sanitário internacional deixará ao Paraná perto de dobrar as exportações de carne suína e aproximar mercados como Japão, México e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto com reconhecida qualidade sanitária.
“Provamos para o mundo que não temos aftosa, que não temos o vírus circulando aqui. Começamos a vacinar nos anos 1960. E desde então o Paraná articula campanhas para eliminar a circulação e aprendemos muito ao longo desse tempo. Conseguimos demonstrar cabalmente ao mundo e ao comitê técnico e científico da OIE que não há esse vírus nesse espaço de mundo chamado Paraná”, garantiu o secretário de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
Conforme o diretor-presidente da Adapar, Otamir Cesar Martins, a conquista é fruto de mais de 50 anos de planejamento, comprometimento da sociedade, da iniciativa privada, de produtores rurais, de lideranças políticas e do Governo do Estado. Desde outubro de 2019 não é permitido o uso e comercialização da vacina contra febre aftosa no Paraná. A campanha de imunização, que acontecia duas vezes por ano, foi mudada pela campanha de atualização de rebanhos. O cadastro é obrigatório para garantir a rastreabilidade e a sanidade do rebanho. “Agora passamos de uma fase de vacinação para vigilância constante nos 33 postos de fiscalização. Estamos atentos e preparados para essa questão.”
Percurso
Em agosto do ano passado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou a Instrução Normativa nº 52, identificando os seis estados como livres de febre aftosa sem vacinação. O reconhecimento nacional pelo Mapa é um dos passos para alcançar o reconhecimento internacional junto à OIE.
Para realizar a mudança de status sanitário, os estados e regiões atenderam condições básicas, como aperfeiçoamento das atividades veterinárias oficiais e implantação de programa organizado para conservar a situação livre da doença, ordenados com as condutas do Código Terrestre da OIE.
O método de transição de zonas livres de febre aftosa com imunização para livre sem vacinação está previsto no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (Pnefa), seguido pelo Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).