A ventriloquia é a arte de projetar a voz sem movimentar os lábios. Dessa maneira, é produzido o som da fala a partir do diafragma. Os lábios ficham fechados ou discretamente separados, porém, a língua e o céu da boca fazem o trabalho, neutralizando o não comparecimento dos movimentos. A voz é executada, contudo, é afetada, isto é, sai diferente da voz normal do ventríloquo, o que faz parecer mais ainda que essa voz pertence ao boneco.
Antonio Carlos Marques Ferreira, 53 anos, é ator com registro na Delegacia Regional do Trabalho (DRT/SP) e começou a trabalhar com bonecos fantoches na infância. Com isso, por meio do aprendizado com missionários estadunidenses, iniciou essa arte na igreja, como modo de evangelizar.
Aos 25 anos e morando na capital paulista, conheceu alguns bonecos que não eram apropriados para serem fantoches, descobrindo então, que poderiam ser usados como bonecos ventríloquos.
Na cidade de Bauru, ele criou o principal personagem que dá nome à trupe, o Zequinha, e começou ir nas escolas para dialogar a respeito de valores e ensinar sobre o perigo das drogas. Com o tempo, foi se aperfeiçoando.
Consequentemente, existem poucos profissionais que atuam na área de ventriloquia. Para Ferreira, a responsabilidade é ainda maior. “Represento um profissional que está em extinção e que subsiste ao longo da história. É a responsabilidade de fazer cada vez melhor”, diz.
Em 1999, o ator mudou para Votorantim, com o propósito de compor uma equipe de educadores de um renomado colégio, dando aulas com os bonecos. Um ano após, começou a fazer parte de um grupo de artistas da Secretaria Municipal de Cultura. Nessa mesma época, fez vários cursos para aprimorar a técnica da interpretação.
Na sequência, se inscreveu no projeto Palco Livre, do Sesi/SP e da TV Globo Sorocaba, que revelava artistas. Ele participou da segunda eliminatória, onde foi classificado para fim de dezembro. Na final, foi o campeão.
A partir de 2004, Ferreira começou a viajar pelo país, apresentando a cia de teatro em muitos lugares. Foi então, que por meio da Sesc/SP, conseguiu levar a arte para várias regiões do estado.
Em seguida, entrou para o ramo das palestras, onde iniciou o trabalho com assuntos como saúde, bem-estar, segurança do trabalho, trânsito etc. O projeto expandiu para empresas, escolas, prefeituras, onde sugeriu uma nova espécie de palestras: Brincando e Aprendendo.
Ele também desenvolveu um projeto para hospitais, onde por meio da ventriloquia, levava mais entusiasmo para crianças, jovens e adultos que estavam hospitalizados.
Atualmente, a Cia de Teatro de Bonecos Ventríloquos Zequinha e Sua Turma é situada em Califórnia, aproximadamente 80 km de Maringá, e conta com seis personagens, cada um com os próprios trejeitos, personalidade e jeitos de ser. Todos são manipulados pelo artista.
Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, Ferreira teve a agenda interrompida, o que o fez investir nas redes sociais. “Era um pouco avesso às redes para o meu trabalho. Porém, aos poucos, fui me rendendo. Tenho um estúdio em Califórnia onde produzo todo o conteúdo para o Facebook e o Youtube, além de um pouco para o Instagram”, afirma.
O ator também é pastor há 33 anos. Ele não pensa em parar e continua recriando conteúdo para atingir um público variado. A trupe completa 24 anos de existência no ano que vem.
Antonio Carlos Marques Ferreira revela o que sente ao se apresentar. “O meu trabalho produz alegria na plateia. Sempre ao término de uma apresentação, o que produz satisfação é ouvir o feedback daqueles que acompanharam e dos que contrataram. O resultado disso me dá a sensação do dever cumprido. O mundo está carente de referenciais e pode ser uma referência positiva para o público. É sem dúvida a melhor sensação.”
Conheça o trabalho da Cia de Teatro de Bonecos Ventríloquos Zequinha e Sua Turma:
Facebook: Boneco Zequinha
Instagram: @zequinhaesuaturma
Youtube: Zequinhaest