Fiocruz ressalta importância de imunizar crianças de 5 a 11 anos contra coronavírus

Nova remessa com 366.300 imunizantes em combate ao coronavírus chega ao Paraná nos próximos dias

Foto: Gilson Abreu/AEN

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou nesta quarta-feira (28) nota técnica em que ressalta a importância de imunizar crianças de 5 a 11 anos em combate ao coronavírus. A Fiocruz analisou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um estudo técnico rigoroso para autorizar a aplicação da vacina em crianças dessa faixa etária e que a imunização infantil já começou em outros países, sendo ferramenta essencial no controle da pandemia.

“Ainda que em proporções de agravamento e óbitos inferiores aos visualizados em adultos, as crianças também adoecem por covid-19, são veículos de transmissão do vírus e podem desenvolver formas graves e até evoluírem para o óbito”, afirma a Fiocruz, que complementa que eventos adversos pós vacinação têm se mostrado raros e menos constantes que as complicações e óbitos causados pela covid-19.

Os pesquisadores da fundação listam que a vacinação de crianças vai diminuir maneiras graves e óbitos pela doença nessa faixa etária, além de auxiliar possivelmente na queda das transmissões e ser um dos mais importantes métodos para o retorno e manutenção segura das atividades escolares presenciais. A Fiocruz revela que a imunização de crianças é uma “alternativa robusta” para garantir a sequência do ensino presencial, o que permite a identificação e cautela de alunos com diferentes vulnerabilidades, muitas destacadas pela pandemia.

“Rotinas de convivência mais ampla e social das crianças, o que inclui a escolarização, são fundamentais para o seu crescimento e desenvolvimento. Neste sentido, apoiar a estruturação de políticas que propiciem a vacinação de crianças, em momento oportuno, conforme autorização e recomendações das agências regulatórias, pode contribuir para a manutenção de escolas abertas no ano de 2022, com redução da transmissibilidade do vírus e evitando o surgimento e circulação de novas variantes. Este panorama será fundamental para a garantia de saúde e segurança de todos os que convivem nas escolas, bem como para a proteção de pais, avós e responsáveis.”

A imunização de menores de 12 anos já começou em muitos países do mundo, como nos Estados Unidos, onde 5 milhões de crianças na faixa etária já foram vacinadas com a dose da Pfizer, a mesma permitida pela Anvisa há aproximadamente duas semanas. União Europeia, China, Chile, Bolívia e Cuba também já iniciaram a imunização de crianças menores de 12 anos.

“Diante da transmissão e avanço atual da variante Ômicron, existe uma preocupação aumentada com seu maior poder de transmissão, especialmente, nos indivíduos não vacinados. Isso torna as crianças abaixo de 12 anos um grande alvo dessa e possivelmente outras variantes de preocupação”, salienta a Fiocruz.

A nota técnica comunica que de janeiro a 4 de dezembro deste ano, 19,9 mil pacientes com menos de 19 anos foram hospitalizados com casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) devido a doença. Desses, 5.126 casos eram de crianças com menos de um ano; 5.378 casos, de 1 a 5 anos, e 9.396 casos, de 6 a 19 anos. No total, foram notificados 1.422 óbitos por SRAG confirmados por coronavírus nessa faixa etária em 2021, sendo 418 em menores de 1 ano; 208, de 1 a 5 anos; e 796, de 6 a 19 anos.

Além da SRAG, outra complicação da covid-19 em crianças e adolescentes é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, quadro que causa inflamações em distintas partes do corpo, desde o coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. Desde o começo da pandemia, foram registrados 1.412 casos desse tipo no Brasil, causando 85 óbitos.

Aprovação

O Ministério da Saúde estima para janeiro o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Em nota divulgada ontem, a pasta diz que a posição favorável à imunização poderá ser oficializada no dia 5 de janeiro, depois do fim do prazo da consulta pública aberta para tratar do assunto.

A imunização de crianças de 5 a 11 anos com a vacina da Pfizer/BioNTech foi concedida pela Anvisa no último dia 16, e foi foco de críticas do presidente Jair Bolsonaro. Em live em redes sociais, no dia da aprovação, o presidente disse que pediu extraoficialmente o “nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos”, para que fossem divulgados. A agência reguladora contestou os interrogatórios e revelou que seu trabalho é “isento de pressões internas e avesso a pressões externas”.

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