Estudos mostram que com a pandemia, 80% da população tornaram-se mais ansiosas. A pesquisa foi feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com 1.996 pessoas maiores de 18 anos de idade, sendo divulgada nas redes sociais. O estudo mais atualizado foi realizado entre junho e junho de 2020.
É muito comum em situações da vida, várias pessoas sentirem ansiosas, segundo dados da pesquisa, alguns fatores são: preparação para algum encontro, programação para uma viagem, resposta sobre trabalho ou até mesmo o recebimento de uma notícia, mas quando isso se torna freqüente e começa a interferir no dia a dia, deixa de ser uma simples ansiedade e vira um transtorno e então o desencadeamento da crise de ansiedade.
Foi o que aconteceu com o assessor imobiliário, Vinicius Cardoso, 25, que começou a sentir alguns sintomas, como a falta de ar, mas não conseguiu identificar de fato que aquilo era uma crise de ansiedade. “Eu não entendia se o que eu estava tendo poderia ser uma crise de ansiedade, ficava nervoso, sentia falta de ar. Então eu custei a aprender a controlar isso por conta dessa falta de conhecimento”, diz Vinícius.
A pesquisa mostrou também que 65% dos entrevistados têm sentimento de raiva; 63% sintomas somáticos, que podem ser sensação de dor, mal-estar gástrico, qualquer coisa orgânica resultante de um quadro de ansiedade; e 50% tiveram alteração do sono.
Segundo a psicóloga Mariana Frediani Sant’Ana, todas as pessoas estão sujeitos a experiência desse sofrimento em qualquer momento da vida. “A ansiedade é a forma que o corpo e os pensamentos sinalizam de que algo não vai bem, seja por alguma experiência negativa sobre a qual a pessoa não se permite conversar ou pedir ajuda, ou até mesmo indicando que a rotina esteja excessiva e penosa”, diz.
Mariana também ressalta que a ansiedade não tem cura e sim controle. Quando se cuida do corpo, dos sentimentos e da forma de se relacionar com o mundo, a pessoa passa a compreender e respeitar mais as sensações de ansiedade.
Vinicius conta que atualmente consegue controlar as crises, na maioria das vezes, sozinho. Quando isso não resolve, entro em contato com o psicólogo na hora.
Este foi o primeiro estudo brasileiro com o propósito de rastrear a prevalência de sintomas psiquiátricos na população brasileira em função da pandemia publicado em revista internacional, o Journal of Psychiatric Research (Covid-19 and Mental Health in Brazil: Psychiatric Symptoms in the General Population”). Os dados servem para chamar a atenção para o fato de que a covid-19 não ataca só o pulmão e a respiração, tendo também seqüelas emocionais.
“Disso, a gente já sabe de estudar pandemias passadas. Tais sintomas podem inclusive persistir. Não é algo que vai acabar quando acabar a pandemia. Uma pessoa que tenha um quadro de ansiedade ou depressão pode continuar com esse quadro por um longo período”, ressalta Mariana.