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Minha inimiga chamada ansiedade ou amiga ?

Por Redação O Maringá
3 de novembro de 2025
Pedro Ernesto Macedo / Imagem: Arquivo Pessoal

Pedro Ernesto Macedo / Imagem: Arquivo Pessoal

Por: Pedro Ernesto Macedo

 

Há dias em que o coração desperta antes do corpo. Ele desperta apressado, com o compasso desajustado, como se carregasse a urgência do mundo inteiro dentro do peito. É uma inquietação que não pede licença, não dá aviso, apenas chega — e transforma o ar em algo mais denso, o tempo em algo mais curto. Foi assim que entendi: a ansiedade não é apenas um sentimento, é uma presença. E ela mora dentro de mim.

Durante muito tempo tentei vencê-la. Acreditei que controlar a ansiedade seria o mesmo que domá-la, silenciá-la, expulsá-la do corpo. Fiz o que muitos fazem: busquei respostas rápidas, distrações, formas de não pensar. Mas é impossível vencer o que nos constitui. A ansiedade, descobri, não é uma doença da pressa, mas um sintoma da sensibilidade. É o excesso de vida querendo caber num instante.

Sou daqueles que sentem tudo profundamente. Uma palavra, um olhar, uma pausa — tudo me atravessa. Talvez por isso, às vezes, o mundo me doa. Mas a dor, quando compreendida, se transforma em sabedoria. Foi lendo que aprendi isso.
Entre livros, encontrei um refúgio, mas também um espelho. Cada página que virava parecia me devolver um pouco de mim. As palavras me ensinaram o que o silêncio tentava dizer há muito tempo: não é possível controlar o tempo, mas é possível aprender a habitá-lo.

Quando leio, o tempo se curva. A pressa se dissolve. O mundo desacelera até que tudo o que existe é o som das páginas e o ritmo da respiração. A leitura é, para mim, uma forma de oração — não daquelas que pedem, mas das que compreendem. Porque compreender é o início da paz.
Nietzsche dizia que “aquele que tem um porquê enfrenta qualquer como”. E talvez a leitura tenha me dado isso: um porquê. O porquê de continuar, mesmo nos dias em que a alma se embaralha. O porquê de acreditar que existe beleza até naquilo que dói.

Há um tipo de sabedoria que nasce apenas do olhar demorado. A leitura me ensinou a olhar. Olhar para o mundo, para o outro e, principalmente, para dentro. O ansioso, muitas vezes, foge de si. Corre em círculos dentro da própria cabeça, tentando se livrar de pensamentos que só querem ser ouvidos.
Quando aprendi a escutá-los com calma, percebi que eles não queriam me destruir — apenas me mostrar que algo dentro de mim pedia atenção.

Hoje entendo que a ansiedade é a forma que o corpo tem de dizer que a alma está cansada. E que o único remédio possível é desacelerar — não no corpo, mas na mente. Ler foi o caminho que encontrei para isso. É curioso como as palavras escritas há séculos podem conversar com as nossas dores de agora.
Sartre dizia que somos condenados à liberdade — e talvez seja isso o que mais assusta o ansioso: a liberdade de ser, de escolher, de não saber o que vem depois.
Mas é também aí que mora a beleza da vida — no desconhecido que nos convida.

Durante muito tempo, achei que a tranquilidade era o oposto da ansiedade. Hoje sei que são irmãs. Uma mostra o desequilíbrio, a outra mostra o caminho de volta. O ansioso quer resolver tudo, quer entender tudo, quer estar pronto para tudo — e a vida, generosa e impaciente, mostra que o essencial é justamente o contrário: é se permitir não saber.
É aceitar que o tempo tem seu próprio ritmo, e que a pressa é apenas medo disfarçado de eficiência.

Há quem diga que ler é fugir da realidade. Eu digo o contrário: ler é encarar a realidade de frente, com os olhos de quem quer compreendê-la. A leitura me devolve o poder de estar inteiro no presente. Cada livro é um pedaço de eternidade disfarçado de instante.
Quando a ansiedade chega — e ela sempre chega, mesmo quando parece adormecida —, abro um livro, e é como se abrisse uma janela dentro de mim. O ar muda. A alma respira. As vozes se aquietam. E eu me lembro de que a vida, apesar de tudo, continua bela.

Há dias em que ainda sinto o coração correr à frente do corpo. E tudo bem. Aprendi que não se trata de eliminar a ansiedade, mas de aprender a andar com ela. Ela me lembra que sou humano, sensível, vivo. Que tenho sonhos demais, vontade demais, amor demais — e isso, no fundo, é uma bênção.
A serenidade não é a ausência de turbulência, mas a habilidade de dançar com o vento.

A leitura me ensinou isso: a vida não se explica, se sente. E sentir é aceitar a imperfeição, o mistério, o inacabado.
Eu não quero mais controlar o tempo. Quero vivê-lo.
Quero aprender a respirar dentro dos meus próprios segundos, sem medo de perder o compasso.
Quero ler o mundo com a mesma ternura com que leio um livro: devagar, com curiosidade e com amor.

Porque no fim, a ansiedade é apenas o eco da alma pedindo pausa. E quando o coração pede silêncio, é porque está pronto para ouvir a própria vida.
E a vida, quando escutada com calma, sempre fala de um jeito bonito.
Ela nos lembra que tudo passa — e que, enquanto passa, a gente pode aprender, sentir, amar e recomeçar.

E é isso que faço: sigo ansioso, sim, mas desperto. Com o coração batendo rápido, mas com os olhos atentos. Porque quem sente demais também vive demais. E quem lê, entende que viver é uma arte — a arte de transformar o caos em beleza, e a pressa em poesia.

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