Gibi de Paulo Bruno descortina um mundo de violência e racismo

81LiD8LGrdL. SL1500

Crédito: Reprodução

Clique aqui e receba notícias pelo WhatsApp

Clique aqui e receba as principais notícias do dia

“Como quem joga tá ligado, não existe bala perdida, existe inocente no lugar errado…”

“Conheço bastante as lei pra saber que aqui não existe lei nenhuma…”

“Preto contra preto, povo contra povo…”

Este é o som que o jovem Gabriel, de apenas 19 anos, escuta em seu fone de ouvido durante sequência de quadrinhos de “9mm de distância”, escrito e desenhado pelo artista cearense-caririense Paulo Bruno.

Com páginas em preto e branco, esse gibi apresenta uma narrativa curta, de quase 30 páginas, que se debruça sobre o dia a dia da periferia. A princípio, é um enredo que se descortina a partir de um relacionamento. Como revela a capa do volume, em duas cores e composta por duas imagens: uma família simples tomando café à mesa; e duas amigas com um cachorro, em uma espécie de estúdio. A isto, soma-se o resumo da editora publicado na contracapa da edição:

“Em ‘9mm de distância’ de Paulo Bruno, conhecemos Beatriz que é ilustradora, tem 22 anos e divide um apartamento com sua cadela, Lola, e Gabriel, recém-formado no ensino médio, com 19 anos e que ainda mora com os pais. O caminho dos dois cruza e uma conexão instantânea se forma. Empolgados, os dois passam o dia ansiosos por um primeiro encontro, afinal, o que poderia dar errado? Uma história sensível e que retrata uma realidade que não está tão longe de nós”.

Capa do material publicado pela Conrad (Crédito: Reprodução/Conrad)

Pode parecer mais uma história de relacionamento e paixões. Mas, infelizmente, não é exatamente isso que se desenrola nas páginas carregadas de tensão.

Em poucas sequências, Bruno sintetiza todo um estado emocional e social durante a breve história de Gabriel e Beatriz. No fundo, é o retrato de um país racista e violento, em que o povo preto vive sob o jugo do Estado.

Desse modo, o leitor vai descobrir de forma dolorosa o porquê do título escolhido para o gibi lançado pela editora Conrad em 2023, dentro do selo “HQ para todos”.

Cena do gibi de Paulo Bruno (Crédito: Reprodução/Conrad)

Selo
O “HQ para todos” é um projeto da Conrad de publicar edições mais simples, barateando os custos editoriais: capa cartonada, encadernação com grampos, formato 17 x 0.2 x 24 cm, média de 30 páginas etc. Torna-se, então, gibi ao custo entre R$ 9,9 e R$ 14,9, um valor praticamente impossível de ser praticado nesse universo de HQs de capa dura e lombada desenhada, com papel especial e volumes parrudos, restritas às prateleiras de livrarias.

O objetivo do selo da Conrad é fomentar a leitura ao ter uma linha de quadrinhos a preços acessíveis, tanto para leitores iniciantes quanto colecionadores.

Até o momento, “HQ para todos” já publicou os seguintes títulos: “A Sala de Espera da Europa: Uma história de refugiados”, de Aimée de Jongh; “Feliz Aniversário, Feliz Obituário”, de Rafael Calça (autor) e Jefferson Costa (ilustrador); “A Noite dos Palhaços Mudos”, de Laerte; “Mayara & Annabelle e a Carreta Fantasma”, de Pablo Casado (autor), Talles Rodrigues (ilustrador); “Pré: O Drama da Escolinha!”, de Max Andrade; e “Primo”, de Eduardo Medeiros.

Crédito: Reprodução/Conrad

Autor
Paulo Bruno é um artista cearense-caririense, ilustrador e autor de Histórias em Quadrinhos. Graduado em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Regional do Cariri (URCA). Teve participação na coletânea independente em quadrinhos Linha Alternativa nº 2 (2017) e nº 3, (edição com indicação ao Troféu HQMIX, 2018) pelo coletivo Estação 9.

Autor da Web Comic “Direitos Humanos em Quadrinhos” que saiu pela Universidade Federal do Cariri (2021), “Interpretando” (2021) e “Afetos” (2022), ambos projetos independentes de compartilhamento virtual de tiras (Interpretando teve indicação ao Troféu HQMIX, 2021).

Clique aqui e receba notícias pelo WhatsApp

Clique aqui e receba as principais notícias do dia

Sair da versão mobile