Aos poucos, a biblioteca rompe aquela imagem cristalizada de um espaço de silêncio e formalidade. O barulho é permitido. Principalmente nas histórias contadas e na interação dos leitores e leitoras.
“Hoje é um lugar de encantamento, mas também de pessoas mostrando seu trabalho cultural”, avalia a leitora e escritora Railda Masson, acompanhada de sua filha, a jornalista Stephanie Masson Cardozo. Moradoras da região, ambas acompanharam a reinauguração e ampliação da Biblioteca Pública Municipal Pioneiro Nilo Gravena e a Casa da Cultura Alcídio Regini, no Jardim Alvorada, em Maringá.
“Aquela ideia de biblioteca do passado, do silêncio, de que era só para consulta, ela não existe mais. A gente tem de fazer um espaço cada vez mais agradável para a população”, diz o secretário de Cultura Victor Simião. Nesse sentido, ele defende um espaço com estrutura adequada, com cores, catálogo, enfim, mais atrativo. “Nós queremos que as pessoas ocupem o espaço da biblioteca”.
Nesse sentido, a gerente do Livro, Leitura e Literatura da Semuc, Romi Matos, destaca atividades como a contação de histórias, a mediação da leitura, levando o público aos livros. “A gente quer que a leitura seja um lazer, seja prazerosa”, acrescentando que o acervo é atualizado, com compras anuais de obras.
Stephanie recorda que, nas férias escolares de sua infância, ela frequentava a biblioteca porque tinha atividades para crianças. “Os funcionários sempre foram muito dedicados e esse cuidado é evidente no trabalho de todos”, destacando que é um espaço de acolhimento, cultura e lazer, acessível para tantas pessoas que não precisam gastar dinheiro para utilizar os serviços.
Ela também aproveitou as artes cênicas da Casa da Cultura. “E com certeza vai ficar ainda melhor depois da reforma, pois se tornou ainda mais acessível”.
No dia 29 de maio, o prefeito Ulisses Maia e Simião, junto da comunidade, reinauguraram o complexo, com investimento de R$ 1,5 milhão (R$ 650 mil de uma emenda da deputada estadual Maria Victória e o restante de recursos livres).
Railda também gostou do estande dedicado a autores maringaenses. Mas ela sentiu falta de mangás, os famosos quadrinhos japoneses. “Abranger essa margem de leitores que são jovens, que leem outras coisas além da escola, além do lazer”.
Teatro
Para Majô Baptistoni, o espaço tem um significado especial. Durante a pandemia de Covid-19, com os teatros fechados, ela e seu diretor Marco Antonio Garbellini conseguiram o anfiteatro da Casa para ensaiar todos os dias, durante meses, um monólogo. “Eu ficava no palco e o diretor na plateia, de máscara”.
Assim, nasceu o espetáculo inspirado na obra de Cora Coralina, “Memórias de Aninha”. Mas antes desse episódio especial, a companhia de teatro, que é a mais antiga em atividade (fundada em 1982) na cidade, já havia utilizado a Casa.
Espaço
A biblioteca do Jardim Alvorada tem um lugar especial no coração do secretário de Cultura, pois foi o primeiro espaço de leitura que ele conheceu quando veio morar em Maringá. “E uma das nossas missões quando assumi a gestão era reformar esse espaço”.
São 16 mil volumes à disposição da comunidade, num dos maiores bairros da Cidade Canção. Segundo Romi Matos, a biblioteca estava com muitos problemas estruturais e precisava da reforma. “Porque a população merece ter um espaço de cultura, descentralizado”, explicando que as seis bibliotecas municipais atendem os maringaenses, funcionando de maneira unificada.
“É uma das bibliotecas que mais tem movimento em Maringá”, diz a bibliotecária Carolina Correia, em relação ao espaço do Alvorada. São em torno de 1.900 empréstimos mensais, complementa Matos. Como a reforma demorou um ano, os frequentadores sentiram falta do espaço e não viam a hora de reabrir.
E, segundo o prefeito, a Biblioteca e a Casa são dois espaços que serão utilizados pela população tanto para a cultura quanto educação. “Dentro, inclusive, da nossa visão de descentralização das nossas atividades culturais”.
Obra
Na biblioteca, foram construídos rampas e banheiros com acessibilidade, além da colocação do piso novo, pintura externa, forro acústico, substituição do telhado, cobertura, paisagismo e outras melhorias.
A Casa da Cultura, que tem capacidade para 450 pessoas, ganhou nova pintura, cobertura em um dos acessos e reforma da calçada no entorno.