Novo álbum solo de Nasi respira blues, soul e rock em atmosfera noturna e esfumaçada

NASI

Frame do clipe "Dias de luta" (Crédito: Reprodução)

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Logo de cara, um clássico do rock nacional. “Dias de luta” é a primeira faixa de “RockSoulBlues”, novo álbum solo do roqueiro e bluseiro Nasi. É uma atmosfera noturna e esfumaçada.

O material chegou às plataformas digitais nesta terça-feira, 23 de janeiro, aniversário do cantor/compositor, que é vocalista do Ira!, banda histórica do RockBR e primeira que gravou essa faixa composta pelo guitarrista Edgard Scandurra.

Mas esqueça a gravação original desse grupo com mais de 40 anos de trajetória ou mesmo suas versões ao vivo (folk, acústico, elétrico etc.). O que Nasi fez em seu trabalho solo com “Dias de luta” é carregado de blues e soul, em arranjos diferentes e andamento mais ritmado. São guitarras cheias de bends e fraseado blues, metal com alma e muita melanina sonora.

Ou mesmo a roqueira “Rosa selvagem”, versão para a composição “Ramblin’ rose” (de Marijohn Wilkin e Fred B Burch). É cheia de guitarras, riffs, solos, vocal com atitude e letra sobre amor (quem diria?). É outra canção, reconstruída.

E principalmente “Não me machucar”, que começa com Nasi entoando de maneira rasgante “Eu quero um blues”. No entanto, não se trata apenas de uma canção que segue à risca a cartilha do gênero. É misturado com outros ritmos, como é o caso, por exemplo, do batuque africano em releitura abrasileirada. Tem até scratch e eletrônica.

Essas três faixas dão boa mostra do disco, já disponível em todas as plataformas digitais: rock dançante, blues eletrocutado e soul gingado.

Outra característica de “RockSoulBlues” é a releitura de canções conhecidas e obscuras, além de “Dias de luta” e “Rosa Selvagem”. Nasi canta “Devolve meus LPs”, de Zé Rodrix e Livi Robert, em faixa marcada pelo piano e metais.

Sem contar “O caveira”, composição mais obscura de Martinho da Vila, gravada nos anos de 1970, em versão country-western, com participação da cantora Nanda Moura. A letra trata de uma delicada situação econômica, como nestes versos: “Ai, nega, nega, nega/Tão cansado, irritado/Ao sair do meu trabalho/Encontrei com o caveira/O caveira, nega, o caveira/Empunhando a promissória/Que venceu na quarta-feira”.

O vocalista do Ira! também redescobre “O que você quer apostar”, do soulman Tim Maia; e “Eu não quero santa”, uma “balada” de emancipação feminina de Sérgio Fayne, Saulo Nunes e Vitor Martins que ficou famosa na voz de Erasmo Carlos, o saudoso Tremendão, em seu cultuado disco de estúdio “Carlos, Erasmo” (1971, gravadora Philips).

Formado por oito faixas, “RockSoulBlues” fecha com uma composição original de Nasi e Johnny Chaves, o Johnny Boy (integrante do Ira!), “Blues do gato preto”. Vale um parêntese, pois Johnny tem uma história importante no rock, sendo compositor de mão cheia e multi-instrumentista (baixo, violão, piano, teclado, etc.). Ele merece há muito tempo um verbete na enciclopédia musical, tendo gravado e tocado com ninguém menos que Raul Seixas.

Capa do álbum (Crédito: Reprodução)

Clipes
Antes mesmo do lançamento da versão completa do novo álbum, Nasi vinha liberando desde o final de 2023 algumas faixas nas plataformas digitais (“Dias de luta”, “O caveira”, “Não vá me machucar”).

O que chama atenção são os clipes feitos a partir dessas canções. Em “Dias de luta”, por exemplo, o guitarrista de blues Igor Prado participa especialmente nessa reinvenção do clássico do Ira!, em audiovisual dirigido por Marco Antonio Ferreira. “Repleto de simbolismos, o vídeo faz referência a lenda de que Robert Johnson, um dos maiores músicos da história do blues, fez um pacto com o Diabo em uma encruzilhada”, diz o texto de divulgação.

O clipe também traz elementos da Umbanda e desmistifica os símbolos das religiões de matriz africana. “A encruzilhada ganha destaque, resgatando seu verdadeiro significado como espaço sagrado de conexão espiritual”. Vale lembrar que Nasi tem forte ligação com o assunto, tendo lançado um disco chamado “EGBE” (2015) e participado do documentário “Exu e o Universo” (2022, dir. Thiago Zanato), em que o cantor ajudou a escrever e a produzir, sobre a cultura e religião iorubá, que ele pratica.

Outro clipe é “Não vá me machucar”, aquele bluesão em releitura. Novamente, direção e fotografia de Marco Antonio Ferreira. Desta vez, é um audiovisual multicolorido, sem história, com Nasi e os músicos atuando em cenário cheio de efeitos.

E agora, estreia do vídeo de “Blues do gato preto”, marcando a chegada do álbum completo ao streaming. A direção é de Marco Antonio Ferreira e Danilo C. dos Santos, com participação do guitarrista Igor Prado e, claro, do cantor e compositor Marcos Valadão Ridolfi, o Nasi.

Projetos
Nos últimos anos, Nasi vem se desdobrando em shows do Ira!, carreira solo e projetos com bandas como a lendária Voluntários da Pátria (dos anos de 1980) e a nova Os Spoilers.

E fica a dica do documentário “Você Não Sabe Quem Eu Sou” (2018, dir. Alexandre Petillo, Rodrigo Cardoso, Rogério Corrêa). Filmado durante quatro anos de sua vida, Nasi passa por fases mais agressivas e mais pacíficas, luta para fazer as pazes com o seu parceiro Edgar Scandurra e reflete sobre sua posição como um dos caras mais talentosos e mais encrenqueiros do cenário musical brasileiro.

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