Presente em novo álbum dos Stones, Bill Wyman saiu dessa banda há mais de 30 anos

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Baixista tem hoje 87 anos de idade (Crédito: http://billwyman.com)

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Lançado em 20 de outubro deste ano, “Hackney Diamonds”, novo álbum de inéditas do The Rolling Stones, já deve ter sido ouvido um zilhão de vezes ao redor do planeta pelos fãs dessa longeva banda inglesa de rock and roll. “A maior de todos os tempos”, para muitos.

Mas sempre é bom retornar ao material, principalmente porque rompeu um hiato de 18 anos de novidades stonianas na praça em versão “full album”. A última de estúdio com essa magnitude havia sido “A Bigger Bang”.

Também pelo fato de contar com uma constelação de participantes especiais (Stevie Wonder, Elton John, Lady Gaga e Paul McCartney). E de quebra ainda reunir a formação consagrada da banda (do período 1975/1993) na faixa “Live by the Sword”. Você leu corretamente, pois estão lá Mick Jagger (voz), Keith Richards (guitarra), Ronnie Wood (guitarra), Bill Wyman (baixo) e a bateria gravada de Charlie Watts, que morreu em 2021.

Tirando a homenagem póstuma a Watts, que por si só dispensa comentários, a presença mais curiosa nesse rock dançante é mesmo o baixo de Wyman, um dos fundadores da banda. Ele já fez participações especiais em shows dos Stones em um passado recente, mas está fora do grupo há 30 anos.

Em 6 de janeiro de 1993, o então mais velho dos Stones, com 55 anos de idade naquela altura do campeonato, disse que deixava o grupo, durante entrevista para o programa de TV “London Tonight Show”. “Estou contente por sair agora. Foi maravilhoso e tenho lembranças especiais”, afirmou, em nota divulgada pelo jornal “O Estado de S.Paulo” de 8 de janeiro de 1993. “As duas últimas turnês foram as melhores que já fizemos e é bom terminar depois disso”, complementou o músico.

Mas não era a primeira vez que se especulava sobre o afastamento de Wyman. Em março de 1991, o jornal sensacionalista inglês “Today” já havia anunciado que o baixista tinha caído fora. “Não deu-se muito crédito ao jornal, embora dias antes, em entrevista a uma rádio americana, Wyman já tinha desancado a competência de seus colegas. De Mick Jagger, disse que era um cantor medíocre”, escreveu o Estadão, nesse texto sem assinatura.

Capa de disco dos Stones com Wyman (no centro, ao fundo) – Crédito: Reprodução

Wyman sempre foi uma figura contestada na história da banda. Apesar de participar da formação original em 1962, que tinha ainda o talento criativo de Brian Jones (1942-1969), esse baixista sempre foi visto como a “pessoa errada no lugar certo”, afinal quem não gostaria de ter participado da “maior banda de rock de todos os tempos”?! Tudo porque suas qualidades instrumentais nunca foram excepcionais e que justificassem sua presença na banda.

“Em mais de 30 anos de banda, Bill Wyman sempre conviveu com o boato de que ele só entrara na banda por ser dono de um bom amplificador”, publicou o jornal paulistano nessa data de 1993. Correm histórias de que, em muitos discos dos Stones, o baixo foi feito por outro músico e até mesmo por Richards e Wood.

No entanto, é inegável que a simplicidade do hoje ex-integrante casou bem com vários clássicos compostos pela dupla Jagger/Richards, formando uma cozinha sonora azeitada com Watts. A linha de baixo em “Gimme Shelter”, por exemplo, é certeira.

Sem contar que Wyman coescreveu hits do porte de “Jumpin’ Jack Flash” e “Miss You”.

O fato é que os Stones nunca perdoaram seu desligamento. Em 2012, apareceu a oportunidade para o ex-integrante se juntar ao quarteto (Jagger, Richards, Wood e Watts) na “50 & Counting Tour”, que comemorou meio século da banda.

“Tudo caminhava para uma concreta reunião, mas o baixista acabou fazendo apenas participação especial em quatro datas. ‘Nem me falaram quais músicas tocaria. Fiquei muito desapontado’, disse o baixista numa entrevista ao ‘The Times’. Segundo ele, gostaria de ter tocado no show da O2 Arena de Londres ‘Jumpin’ Jack Flash’ e ‘Miss You’, clássicos que coescreveu, mas foi escalado para ‘Honky Tonk Women’ e ‘It´s Only Rock´n´Roll’. De acordo com a declaração de Wyman, os Stones nunca o perdoaram por ter deixado a banda e queriam se vingar dele naquela ocasião”, publicou o site da rádio 89 FM, em 18 de fevereiro de 2019.

“Quando eu saí dos Stones, demorou alguns meses para reconstruir aquela relação com eles. Foi bem estressante, porque, como eles não queriam que eu saísse, então, ficaram bem maldosos. Ao invés de serem gentis e dizerem: ‘Foram ótimos esses 30 anos. Valeu, cara!’, Mick dizia coisas absurdas e estúpidas com aquela atitude mimada que ele tinha. Ele dizia coisas tipo: ‘Bem, se não tiver alguém para tocar baixo, eu toco. Não pode ser tão difícil assim’. E Keith [Richards] dizia ‘Ninguém sai dessa banda, a não ser que seja em um caixão!’”, declarou Wyman, em entrevista à “Classic Rock” de 2020.

Novo trabalho dos Stones tem o baixo de Wyman em uma das faixas (Crédito: Reprodução)

Sem baixista
Desde a saída de Wyman, os Rolling Stones nunca oficializaram a entrada de um novo integrante para as cordas graves. Quem ocupa o posto há quase 30 anos, com muito virtuosismo, é Darryl Jones, que tem um groove único. Este também passou a participar das gravações de álbuns de estúdio.

Americano de Chicago, Darryl é multi-instrumentista: além de baixo, toca bateria e xilofone. Antes de se juntar aos Stones, ele já era um respeitado músico de turnês e de estúdio, tendo gravado e/ou excursionado com Miles Davis, Sting, Madonna, Eric Clapton, Peter Gabriel e Pati LaBelle, entre outros.

Em todos esses anos de colaboração com o projeto stoniano, o virtuose nunca foi integrado em definitivo. “Talvez tenha a ver com o fato de que os demais integrantes considerem Bill Wyman ‘insubstituível’. Ou pode ter relação com a parte de negócios: o baixista é contratado, não um parceiro da empresa que é a banda”, escreveu Igor Mirada, no site que leva seu nome, em 17 de agosto de 2020.

A técnica de Darryl é inegável. Porém, não tem aquele charme errático e blasé do primeiro baixista stoniano. O rock é feito de imperfeições, diriam alguns.

Carreira
Hoje com 87 anos de idade, Bill Wyman desenvolveu ao longo do tempo projetos musicais e de arte, trabalhando também com a sua banda Bill Wyman’s Rhythm Kings.

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