“Antigo Banestado”. O pessoal mais experiente ainda deve se referir ao atual Teatro Barracão Paulo Mantovani pelo nome anterior. Afinal, já se passaram 36 anos desde a inauguração desse equipamento cultural na Cidade Canção. Nesta sexta-feira, 4 julho, é aniversário do local, aberto oficialmente em 1989.
Segundo a plataforma colaborativa “Maringá Cultura”, o Barracão é o primeiro teatro municipal da cidade de Maringá – mas o primeiro ambiente físico teatral é a Oficina de Teatro-UEM, instalada junto ao Teatro Universitário de Maringá (TUM) em 1987, conforme informações do projeto “Maringá Histórica”.
Uma das peculiaridades do Barracão é o seu estilo rústico, fruto de uma estrutura toda de madeira eucalipto. As origens desse local são “por meio de um projeto do Governo do Estado – Projeto Barracão de Cultura, obra da Secretaria de Estado de Cultura – que construiu uma série de teatros seguindo o mesmo modelo, na cidade de Maringá na gestão do Prefeito Ricardo Barros”, diz o “Maringá Cultura”.
Aliás, em São João do Ivaí (a 100 km de Maringá) existe até hoje uma estrutura semelhante ao espaço maringaense. Lá, o nome também é Teatro Barracão (antes, Banestado) e foi inaugurado em 4 de março de 1991. Um pouco mais novo que seu coirmão da Cidade Canção.
O nome anterior, tanto em Maringá quanto em SJI, remetia a uma instituição bancária pública que pertenceu ao Paraná. Mas com a sua privatização nos anos 2000, o Banestado foi comprado e a marca histórica desapareceu.
No caso do Barracão maringaense, o local tem capacidade para 215 pessoas, possui boca de cena de 7,80m de largura, 3.10m de altura, com 6m de profundidade e proscênio de 2,45m. “O Teatro Barracão que chegou a ser o principal espaço das artes cênicas na cidade, já foi palco para os grandes atores como, Gianfrancesco Guarnieri, Kate Hansen e até mesmo Paulo Autran atuou no local, como protagonista das peças ‘Quadrante’ em 1988 e ‘A vida de Galileu’”, diz o “Maringá Cultura”.
Atualmente é palco todas sextas-feiras do programa “Convite ao Teatro” com apresentações de peças teatrais, sempre às 20 horas e com entrada franca. Mas abre para música às quintas, dentro do projeto “Convite às Artes” da Secretaria de Cultura. Localiza-se na Av. Bento Munhoz da Rocha Neto, na Praça Professora Nadir Cancian.
Já o nome “Teatro Barracão Paulo Mantovani” ocorreu por intermédio da Lei Ordinária nº 11.429, de 10 de março de 2022. Mantovani foi vereador, apresentador, secretário municipal e funcionário da Prefeitura; morreu em setembro de 2020. No palco do Barracão, por muitos anos Mantovani gravava um programa de música sertaneja que era levado ao ar aos domingos pela repetidora da TV Bandeirantes em Maringá.
Trajetória
Segundo o “Maringá Histórica”, na segunda metade dos anos de 1980 a classe artística, junto da população, pedia pela construção de um teatro municipal na Cidade Canção. Naquela altura, os grupos teatrais utilizavam espaços alternativos para seus espetáculos, caso do Sesc, CAC, salões paroquiais, tendas improvisadas e salas de cinemas.
Até que, em dezembro de 1987, a Oficina de Teatro da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi inaugurada. É considerada a primeira estrutura profissional de teatro de Maringá. Inclusive, naquele ano se iniciaram duas obras de teatro pela cidade: uma na praça 21 de abril que, quase dez anos depois, seria inaugurada como Teatro Calil Haddad; outra na praça Profa. Nadir Cancian, onde seria implantado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, junto da Prefeitura de Maringá, o projeto Barracão.
Naquela época, Maringá foi anunciada pelo então governador Álvaro Dias como a primeira cidade do Estado a receber o projeto. A construção ocorreu entre 1988 e 1989, culminando com a inauguração em 4 de julho de 89. O projeto é da arquiteta Maria Helena Paranhos.
Em vídeo sobre o teatro, o “Maringá Histórica” informa que o projeto Barracão de Cultura, em terreno cedido pela Prefeitura de Maringá, foi viabilizado por meio da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná e Fundação Teatro Guaíra, com recursos financeiros do Banco do Estado do Paraná SA (Banestado). Não por sinal, o espaço ficou conhecido durante anos como Teatro Banestado, até mudar para Barracão Paulo Mantovani.
No livro “História artística e cultural de Maringá: 1936-1990” (2016), João Laércio Lopes Leal atenta para o fato de que, apesar do Calil Haddad ter sido concluído somente em 1996, e o Barracão inaugurado em 1989, Maringá passou a contar com três espaços para o exercício da prática teatral nos anos de 1980 – incluindo o Oficina. “Prova de que, com a mobilização dos artistas, mais a contribuição do poder público municipal e estadual, a cidade atendeu a uma reivindicação nascida nos anos de 1960, quando surgiram as primeiras manifestações em prol da construção de espaços teatrais feitos sob medida” (p. 226), escreve.
