Transporte público de Maringá: nova tarifa de R$ 5 entrou em vigor no domingo

Transporte público de Maringá: nova tarifa de R$ 5 entrou em vigor no domingo

Foto: divulgação/ TCCC

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A Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Inovação, Aceleração Econômica, Turismo e Comunicação (Siacom), divulgou na última terça-feira (5) por meio de nota, que mediante ordem judicial, o valor da tarifa do transporte coletivo foi reajustado em 16,3% a partir deste domingo (10), alcançando o valor de R$ 5. Anteriormente a passagem custava R$ 4,30 no cartão Passe Fácil.

Segundo a nota, a Prefeitura conseguiu manter a atual tarifa congelada durante dois anos e quatro meses. O reajuste foi determinado pelo Juiz de Direito, Nicola Frascati Junior, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Maringá no dia 25 de setembro.

No mês de abril deste ano houve paralisação dos motoristas do Transporte Coletivo Cidade Canção e Transporte Coletivo Cidade Verde devido à falta de pagamento dos salários e a concessionária TCCC solicitou o pagamento de mais R$20 milhões, alegando grandes prejuízos com a pandemia da covid-19, devido à redução de passageiros.

 

Plano de Mobilidade Urbana da Prefeitura de Maringá

Na segunda (4) e terça-feira (5) foram realizadas reuniões técnicas do Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob), da Prefeitura de Maringá, para estabelecer diretrizes e ações que buscam o sistema de mobilidade da cidade. No primeiro dia o encontro aconteceu na Sala de Reuniões do Paço Municipal e no dia seguinte ocorreu na Secretaria de Mobilidade Urbana.

Foram observados diversos aspectos, além do transporte coletivo, como deslocamento a pé ou por bicicleta, segurança no trânsito, características das vias, entre outros. O PlanMob consiste em quatro etapas: Etapa 1) Mobilização Inicial; Etapa 2) Diagnóstico e Prognóstico com pesquisas e análise dos estudos, planos e projetos existentes; Etapa 3) Definição de diretrizes e concepção de propostas, com planejamento e capacitação da equipe técnica da Prefeitura de Maringá; e Etapa 4) Consolidação do plano de mobilidade urbana, com elaboração do Plano de Ações e investimentos, com realização de planejamento e realização da Audiência Pública.

Várias ações já foram realizadas pelo PlanMob, como pesquisas de campo, com a apresentação de diagnóstico e prognóstico. Foi identificado em Maringá, por exemplo, que os deslocamentos ocorrem 32% de forma não motorizada, sendo 25% a pé e 7% de bicicleta. Aproximadamente 68% das pessoas utilizam o deslocamento motorizado: 37% são automóveis, 18% transporte público, 8% motocicletas, 2% veículos de aplicativos, 1% fretado e 1% escolar, estimativa do Plano Diretor para o aumento populacional de mais de 68 mil habitantes na cidade para a próxima década. O plano de mobilidade urbana está sendo desenvolvido pela empresa Cidade Vida Engenheiros e Arquitetos, de Minas Gerais, especialista em mobilidade urbana e transporte público coletivo.

O professor de Sociologia do ensino superior, Matheus Piai, nos conta que na volta do trabalho acaba enfrentando trânsito e gasta bastante tempo e gasolina durante o percurso. “Por conta dessa alta no combustível eu gasto ainda mais com meu carro, em torno de R$ 500 o mês e olha que eu uso somente para trabalhar e dar uma volta no final de semana”, explica. Ele já está cogitando comprar uma bicicleta elétrica para o próximo ano. “Infelizmente fica inviável, pois o salário não dobra para poder acompanhar o ritmo do aumento da gasolina”, disse. E lembra que a matéria-prima da gasolina não é eterna e pode ficar cada vez mais cara. “Nos tornamos reféns dos carros, essas máquinas que deveriam encurtar distâncias, mas que ao mesmo tempo deixam as pessoas permanecerem muito tempo dentro dele. Imagina em São Paulo ou outra metrópole, quantas horas as pessoas perdem por dia dentro deles?”, complementa.

 

Mobilidade urbana acessível

De acordo com a “Crítica Urbana”, revista bimestral de estudos urbanos e territoriais da Espanha, publicada em julho de 2021, o artigo “A ‘tarifa zero’ como possibilidade para a mobilidade urbana acessível”, de autoria da professora Fabíola Castelo de Souza Cordovil, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá, juntamente com o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina, Leonardo Cassimiro Barbosa, ambos pesquisadores do Observatório das Metrópoles – Região Metropolitana de Maringá, demonstrou que as cidades de Maringá, Marialva, Paiçandu e Sarandi formam um aglomerado urbano, com aproximadamente 456 mil veículos, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) em janeiro deste ano e desse total mais de 407 mil correspondem ao transporte individual de passageiros, ou seja, apenas 0,49% da frota correspondia a veículos de transporte coletivo.

Os autores compararam a frota de veículos em 2011 e 2021, comprovando um aumento de veículos de transporte individual de passageiros, que passou a substituir progressivamente o transporte coletivo. A população dessas quatro cidades que era de 507.819 em 2011 passou para 605.537, ou seja, um aumento de 48% na frota, sendo que as motos e motocicletas representaram mais de 27 mil novos veículos.

Região central tem grande fluxo de veículos – Foto: Aldemir de Moraes/ PMM

O artigo aborda o transporte individual como principal meio de deslocamento, que pode provocar um problema no fluxo de veículos nas vias urbanas (avenidas e ruas), pois têm capacidade de expansão limitada, sendo impossível absorver o crescente aumento da frota, que pode interferir na qualidade de vida da população devido ao tempo de deslocamento cada vez maior, com aumento da poluição e elevadas taxas de mortalidade no trânsito.

Os professores Fabíola e Barbosa, levantaram informações de possíveis formas de subsídio para o transporte coletivo com fontes de arrecadação progressiva, como IPTU, IPVA, entre outros, como exemplo o valor da tarifa do transporte público em Cianorte que ficou ainda mais barato, passando a ser cobrado apenas R$ 2 a partir do dia 1º deste mês. O bilhete custava anteriormente R$ 3 para a população.

Segundo o portal Mobilize, no Brasil existem cerca de 27 cidades que aderiram à gratuidade tarifária no transporte público urbano via subsídios municipais, sendo elas: Agudos (SP), Holambra (SP), Jaboticabal (SP), Ivaiporã (PR), Pitanga (PR), entre outras.

Em Ivaiporã o transporte público gratuito foi implantado em 2004, de acordo com o prefeito Carlos Gil e os recursos são do próprio município. “Utilizamos recursos advindos de impostos pagos pela nossa população, não há nenhum financiamento do Governo e o nosso principal objetivo é beneficiar a população mais carente”. Ele informa que o município possui cerca de 32 mil habitantes, mediante o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e se as pessoas fossem trabalhar com seus veículos não haveria local para estacioná-los, sem contar que o transporte público gratuito facilita o deslocamento dos moradores para várias regiões. “Temos cinco ônibus de transporte público gratuito, sendo que três deles percorre somente nos distritos de Alto Porã, Jacutinga e Santa Bárbara”, afirmou.

Vale lembrar que em Maringá os usuários da TCCC têm o benefício da integração com outras linhas, se utilizarem o Cartão Passe Fácil dentro do prazo estipulado pela empresa, sem precisar pagar o valor da segunda passagem de ônibus. Para maiores informações acesse o link http://www.tccc.com.br/integracao.html. Quanto à gratuidade, o chefe de Gabinete Domingos Trevizan nos informa que é permitida somente para os idosos, estudantes, deficientes físicos e autistas, conforme lei estabelecida.

 

Ciclovias

O uso de bicicletas e patinetes é uma boa opção para fugir dos congestionamentos de automóveis nas principais ruas e avenidas de Maringá. E grande parte dos usuários utilizam as ciclovias como trajeto para o trabalho.

Atualmente existem cerca de 41 quilômetros de ciclovias em Maringá e a Prefeitura Municipal tem previsão de projetar mais nove quilômetros para 2022, totalizando 50 quilômetros. Segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) estão agendadas reformas nas ciclovias das Avenidas Pedro Taques, Mandacaru e trecho da Avenida Brasil, perfazendo 10 quilômetros de revitalização, com previsão de orçamento de R$ 3,7 milhões para o setor, valor anunciado recentemente em audiência pública do Plano Plurianual (PPA) 2022/2025.

Estão agendadas reformas de ciclovias em Maringá, como exemplo alguns trechos da Avenida Brasil – Foto: redação

A tosadora Isabella Oliveira Pinheiro morou em frente à Delegacia de Maringá e trabalhava em um pet shop na Av. 19 de Dezembro. Ela informou que diariamente subia a Avenida Mandacaru a pé ou de bicicleta. “Dessa forma era mais rápido e prático o trajeto e as ciclovias ali naquela região facilitavam muito a minha vida, sem enfrentar nenhum congestionamento. Agora mudamos para Sarandi, e até então levávamos minhas filhas todos os dias de carro para a escola em Maringá, mas com o aumento dos custos com gasolina, entre outras coisas, nós optamos em trocar as meninas de escola, e depois disso meu marido e eu passamos a levá-las todos os dias com duas bicicletas e as cadeirinhas”, revelou. “Hoje ao meu ver a bicicleta está sendo mais viável em todos os sentidos mesmo que Sarandi não tenha ciclovias, mas deixamos de pagar caro com custos de transporte”, completou.

Para saber mais informações sobre o Plano de Mobilidade Urbana (PlanMob) da Prefeitura de Maringá, acesse o site https://www.mobilidademaringa.com.br/.

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