Internada desde agosto do ano passado para tratamento de uma arritmia cardíaca, morreu nesta quinta-feira, 1º, Nana Caymmi, uma das maiores cantoras do Brasil. Ela tinha 84 anos, completados dois dias atrás, e estava internada no Rio de Janeiro.
Dinahir Tostes Caymmi tinha a música no DNA. Filha de Dorival Caymmi, um dos maiores compositores da história da música brasileira, e da cantora Stella Maris, era irmã do compositor e arranjador Dori Caymmi e de Danilo Caymmi, autor do clássico “Andanças”.
Quando Nana nasceu, Dorival compôs “Acalanto”, que se tornou grande sucesso, gravada até por Roberto Carlos.
“O Brasil pede uma grande cantora, uma das maiores intérpretes que o Brasil já viu, de sentimento, de tudo. Estamos todos realmente muito tristes, mas ela passou nove meses de sofrimento intenso dentro de hospital”, disse Danilo Caymmi, que narrou o sofrimento da irmã.
Do samba ao bolero
Nana cantou desde criança, por influência do pai, e ainda muito jovem teve programa de rádio, onde cantava acompanhada pelo irmão Dori ao violão.
Na época dos grandes festivais de música, Nana foi vencedora do 1º Festival Internacional da Canção (FIC), interpretando “Saveiros”, do irmão Dori Caymmi e Nelson Mota.
Pouco depois, encarou um dos maiores desafios de sua carreira: o Festival Internacional da Canção, em 1966. Interpretando “Saveiros”, de seu irmão Dori Caymmi, foi vaiada, mas venceu a competição.A artista gravou outras dezenas de discos na carreira. Entre eles, “Nana Caymmi” (1975), “Renascer” (1976), “Voz e Suor” (1983) — esse ao lado do pianista Cesar Camargo Mariano —, “Bolero” (1993) e “A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran” (1994), produzido por José Milton, com quem ela trabalhou até 2019.
Seu repertório também inclui releituras marcantes de músicas do pai, como “O Que É Que a Baiana Tem” e “Saudade da Bahia”.
Em 2004, ela e os irmãos Dori e Danilo foram homenageados com o título de cidadãos baianos.
A voz de Nana também marcou presença em trilhas sonoras de novelas e minisséries da TV Globo, além de participações especiais em cena. Em 1998, o vocal de Nana estrelou a abertura da minissérie “Hilda Furacão”, da TV Globo, com a faixa “Resposta ao tempo”, composta por Aldir Blanc e Cristovão Bastos.
Se comparada a outras cantoras da MPB — como Maria Bethânia, Elis Regina e Gal Costa —, ela nunca teve uma popularidade massiva. Mesmo assim, ainda no início da carreira, se consagrou como uma das mais relevantes do país.
Um dos clássicos eternizados por Nana está “Resposta ao tempo”, do pianista Cristovão Bastos e Aldir Blanc, que foi tema da minissérie “Hilda Furacão”, da Globo.
Os últimos álbuns lançados pela cantora são “Nana, Tom, Vinicius” (2020) e “Nana Caymmi Canta Tito Madi” (2019).
Nana também foi casada com Gilberto Gil, entre 1967 e 1969. E namorou os cantores João Donato e Claudio Nucci.
A cantora deixa três filhos e duas netas.