Por Pedro Ernesto Macedo
Jornalista e escritor
Enquanto o Brasil urbano debate crises e reformas, há um Brasil que segue crescendo em silêncio, produzindo com vigor, exportando com maestria e sustentando boa parte da economia nacional: o Brasil do agro. O campo não apenas alimenta o país — ele alimenta o mundo. E mais do que nunca, o mercado de carnes e grãos tem mostrado que, quando o Brasil aposta na terra, o resultado vem em forma de recordes.
O setor agropecuário brasileiro entra em 2025 com fôlego renovado e dados que impressionam até os mais céticos. A produção de carnes — especialmente frango e suínos — avança de forma robusta, abastecendo mercados exigentes e diversificados. Já a soja, nosso passaporte para as grandes potências, mantém sua trajetória ascendente, sendo protagonista tanto no mercado interno quanto externo. A performance dessas duas potências do agro revela muito mais do que números: revela a eficiência de um modelo produtivo que, mesmo sob desafios climáticos, logísticos e econômicos, segue entregando resultados concretos.
Parte desse sucesso vem da inteligência com que o produtor brasileiro aprendeu a navegar nas águas turbulentas da economia. Mesmo com juros altos e crédito mais restrito, muitos produtores encontraram na tecnologia, na gestão profissional e no posicionamento internacional o caminho para manter a rentabilidade. E o câmbio — ainda em patamar elevado — se transforma em oportunidade: o dólar valorizado aumenta a competitividade da nossa produção lá fora, o que fortalece nossas exportações e protege o produtor das instabilidades do mercado interno.
Mas não é só o fator econômico que está em jogo. O que estamos testemunhando é uma virada de chave: o agronegócio brasileiro deixou de ser apenas um setor produtivo para se tornar um eixo estratégico da soberania nacional. Não à toa, em momentos em que outras áreas da economia tropeçam, é o agro quem segura o PIB do país. O campo já representa, hoje, cerca de um terço da riqueza nacional — e esse número está longe de ser o teto.
O Brasil aprendeu a transformar suas safras em diplomacia. Cada navio carregado de soja que parte dos nossos portos rumo à Ásia é também um gesto de influência econômica. Cada tonelada de frango exportada para o Oriente Médio fortalece nossa presença geopolítica. O agro tornou-se linguagem internacional — e o produtor rural brasileiro é hoje, sem exagero, um embaixador da economia nacional.
No entanto, esse protagonismo exige responsabilidade. O setor precisa continuar avançando, mas também precisa comunicar melhor o que representa. O mundo precisa saber que o Brasil rural não é sinônimo de atraso, mas de inovação. Que o agro brasileiro não é predador, mas regenerador. Que por trás de cada saca de grão ou de cada quilo de carne embarcado, existe tecnologia, ciência, rastreabilidade e compromisso com o futuro.
É hora de o produtor ser protagonista não só na produção, mas também no discurso. Porque, se o agro já é a locomotiva da economia, também precisa ser a voz que conduz o Brasil para um novo patamar de reconhecimento global.
Mais do que números, o que o campo brasileiro está produzindo é respeito. E esse é o maior ativo que uma nação pode conquistar.