De Os Bandidos Molhados à carreira solo, passando pela famosa banda de baile Bis, a vida do guitarrista Vinicius Conceição é o rock and roll, com muita influência de blues e country, Raul Seixas, Johnny Cash e Celso Blues Boy. Não à toa, o nome artístico desse artista maringaense é Vini Roque.
Com cerca de 30 composições autorais na carreira, Vini já lançou o EP solo “Do Lado de Fora” (2013) e, em 2024, o single “Conexão”, com participação especial do gaúcho Lipe Vicenço na criação e gravação. “O Lipe é um cara que tem uma influência muito praieira, vamos dizer assim. O som dele é bem aberto, ensolarado, e fugiu um pouco da regra de blues, rock e country. Tanto é que não tem guitarra nessa gravação, a gente fez só no violão. É um pop rock”, explica o guitarrista da Cidade Canção, em entrevista gravada nos estúdios do jornal O Maringá. Ele cita que a letra também é otimista.
Em outras palavras (ou sons), trata-se de uma canção que escapa ao estilo característico de Vini. Mas ao vivo, quando dispõe de baixo e bateria formando um power trio, ele baixa a afinação para 432hz, diferenciando-se do padrão da indústria musical que costuma utilizar 440hz. “Como pesquisador da música, a gente entende que o 432 está mais harmonioso com as nossas células. A gente entende que é tudo vibração”, acrescentando que “Conexão” nasceu a partir do momento em que ele conheceu o Lipe num grupo de pesquisadores.
Desse modo, o gaúcho gravou boa parte dos backing vocals e instrumental. Depois, Vini mixou e gravou a voz, lançando a faixa para tocar no 1º Festival de Música Dimensional Luki Gomes, em São Paulo. Aliás, neste evento todas as bandas tocaram suas músicas com a afinação do diapasão do Lá em 432hz. “Foi bacana a experiência de estar local somente para tocar músicas autorais”, avalia o maringaense, destacando que a audiência foi boa.
Festival
Por falar nesse assunto, Vini Roque participou em maio de 2024 do 1º Festival de Bandas Autorais de Maringá, numa realização da Associação Cultural Rock do Paraná (ACRP), que é presidida pelo Ronaldo Marques.
O guitarrista apresentou uma canção feita em parceria com o roqueiro, artesão e motociclista Bizuca. “Tem essa vibe de blues rock e motociclista”, diz Vini, revelando que essa música nasceu com o nome “Um drink no Inferno”, em alusão ao filme homônimo de Robert Rodriguez que foi lançado em 1996. No elenco, figuras como George Clooney, Quentin Tarantino e Salma Hayek.
Hoje em dia, essa faixa leva o nome de “Bar de Encruzilhada”. Segundo Vini, tem uma pegada de blues clássico. Mas ele tem dado um compasso a mais, para dar novo tempero ao single. “Ela tem uma energia muito bacana, de puxar para cima, e eu acho que a gente conseguiu transmitir isso ao vivo também”, acrescentando ainda que é uma música gravada e que faz parte de seu repertório.
No geral, o guitarrista avalia que o Festival foi muito bacana pela abertura ao som autoral, que enfrenta escassez de locais. “Grande parte do Brasil carece desse espaço para abrir para as bandas autorais, principalmente no meio do rock”, dizendo que as portas das casas noturnas e pubs são geralmente abertas pela proposta de covers.
Por isso, ele valoriza um evento como esse da Associação, que deu destaque ao som autoral; e a estrutura do Lobão, que tem estúdio muito conhecido de boa parte das bandas e artistas.
Nesse contexto, o entrevistado conta que tem conseguido tocar em pubs e motoclubes com um repertório que mescla covers e autorais.
2025
Para o ano de 2025, Vini Roque prepara um show com músicas de Raul Seixas, que é uma grande influência em sua vida artística; versões country rock do sertanejo raiz, tipo Milionário e José Rico. E soltar músicas autorais inéditas nas plataformas digitais, com três ou quatro lançamentos periódicos no formato de singles.
A próxima canção, com previsão para janeiro/fevereiro, vai se chamar “Eu ainda espero o dia”. “Traz uma mensagem de esperança”, adianta o guitarrista. A arte foi feita de maneira artesanal e sob encomenda por um artista gráfico.
Power trio
Atualmente, quando toca com banda, o maringaense prefere o formato clássico do power trio: guitarra, baixo e bateria. Além de versátil, é uma formação que se encaixa em palcos menores, pois são apenas três integrantes: Emerson Silo, um baixista das antigas na cena punk de Sarandi; Ricardo Ribeiro, baterista do Vale do Ivaí e que já tocou na banda A Cura de Maringá; e, claro, Vini na guitarra e voz. Inclusive, este confessa que é “strateiro”, o que significa seu apreço em instrumentos do modelo Stratocaster (o mesmo que era utilizado pelo Mago da Guitarra, Celso Blues Boy).
Recentemente, Vini acompanhou a cantora Ana Carla no Festival Sabor e Música. Ela trafega pelo repertório de blues e country. “A gente faz um Johnny June no meio do show”, referindo-se a Johnny Cash (1932-2003) e June Carter (1929-2003), cuja história está no filme “Johnny & June” (2006).
Serviço
O trabalho musical do Vini Roque pode ser escutado no YouTube e Instagram (@oviniroque). Ele também tem o site www.viniroque.com.br