O universo distópico de George Orwell (1903-1950), escritor clássico de sci-fi, inspirou a produção de um espetáculo em Maringá viabilizado pelo Prêmio Aniceto Matti, importante ferramenta de financiamento público da cultura local.
A peça em questão é “Camaradas”, solo de Leonardo Fabiano com direção de Fernando Ponce. Trata-se de trabalho teatral livremente inspirado no livro orwelliano “1984”. É um mundo em que o Estado vigia e controla as instâncias sociais.
“Camaradas” estreia no próximo dia 3 de outubro na Toca Espaço Cultural. Além desta primeira sessão, serão realizadas mais cinco consecutivas até o dia 8, sempre às 20h e com entrada gratuita. Todas as apresentações contam com interpretação em Libras.
Segundo informações, a trama da peça convida a vivenciar de perto um universo distópico onde o governo propõe uma solução para acabar com as guerras: o “Procedimento”. Ninguém sabe ao certo do que se trata, mas toda a população é coagida a se submeter. Em cena, o “Partido” é personificado pelos meios de comunicação e tem a função de controlar e manipular todas as pessoas, inclusive os espectadores que, imersos na obra, também contribuem para a cenografia.
“A experiência cênica busca criar um contraponto entre corpo e luz, objetos e música, projeções e TV’s LED, criando um confronto entre o real e o virtual”, diz o material de divulgação.
Para os artistas, em um mundo polarizado politicamente, onde informações falsas são usadas para adulterar narrativas, não há dificuldade em ficcionalizar aproximações entre a realidade e as distopias. A Inteligência Artificial, que está fortemente relacionada aos rumos do nosso momento atual, foi utilizada como dispositivo de criação para elaborar desdobramentos cênicos.
“Utilizamos a IA para criar imagens e alguns áudios que serviram de experimentações cênicas. Pensando nesse contexto real e ficcional, em que somos marionetes da tecnologia, achei pertinente assumir isso e levar a fundo”, explica o diretor, via assessoria.
“Foi um caminho muito natural ao falar da mídia, da tecnologia e da onipresença disso tudo em nossas vidas, e de como isso dita como devemos viver. Todas as áreas do projeto utilizam essa ferramenta; ela está presente nas músicas, nos vídeos, nos áudios, nas artes…Até mesmo a acessibilidade em Libras é conduzida pela tecnologia”, complementa o ator e produtor Leonardo Fabiano.
Massificação do sujeito
Em um mundo cheio de “camaradas”, onde as narrativas singulares são esmagadas, o espetáculo parte do pressuposto da massificação do sujeito e de sua impotência diante de certos grupos de controle, colocando em cena a ausência de possibilidades e uma sociedade fadada ao fracasso. Faz isso buscando oferecer uma experiência cênica interativa e multimídia, buscando manter o espectador atento e reflexivo sobre os mecanismos de manipulação, o controle midiático e a perda da individualidade.
“É um convite forçado a pensarmos em que tipo de sociedade queremos, que tipo de pessoa queremos ser e que caminho queremos seguir como indivíduo e como coletivo. E isso está diretamente ligado às escolhas políticas que fazemos”, avalia Fabiano.
Ficha Técnica
Direção e Dramaturgia: Fernando Ponce
Atuação e Produção: Leonardo Fabiano
Intérprete de Libras: Francielle Lopes
Consultoria de Libras: Mariane Kaori Noguti Silva
Filtros e Vídeos complementares: Guilherme Ripardo e Mariana Kanbara
Designer Gráfico: Sidnei Puziol
Fotografia: Renato Domingos | Teaser: Felipe Halison / IDX Pro
Assessoria de imprensa: Rachel Coelho / 2 Coelhos Comunicação e Cultura
Músicas Originais: Matheus Machado
Iluminação: Leonardo Fabiano | Assistente de Operação: Ana Helena
Figurino: Vcamp Ateliê | Capacete: Carla Guizelini
Edição e criação de vídeos: Fernando Ponce
Agradecimentos: A Toca Espaço Cultural, Carla Guizelini, Felipe Halison, Luiz Carlos Locatelli, Rachel Coelho e Vitória Campanari.
Serviço
“Camaradas”
Com Leonardo Fabiano e Direção de Fernando Ponce
De 3 a 8 de outubro de 2024, sempre às 20h
Local: A Toca Espaço Cultural (Av. Adv. Horácio Raccanello Filho, 3625)
Público Limitado | Entrada gratuita
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos
Produzido com verba de Incentivo à Cultura
Lei Municipal de Maringá n.º 11200/2020
Prêmio Aniceto Matti
Com assessoria